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Centro Histórico de Belém: um laboratório de inovação para a Economia Criativa e Cultural na Amazônia

  • Foto do escritor: Agência Fluxo
    Agência Fluxo
  • 19 de set
  • 3 min de leitura

Atualizado: 8 de out

Por Ana Carolina Melo e Harley Silva.


Estudo mapeia o potencial socioeconômico, desafios e oportunidades para a economia criativa e da cultura no Centro Histórico de Belém.


Belém, 19/08/2025 – O Centro Histórico de Belém (CHB) é um território com grande vocação para uma economia baseada na cultura, na criatividade e na inovação. É o que aponta um estudo recente que mapeou 1.656 imóveis nos bairros da Cidade Velha, Campina e Reduto. Os dados mostram que, mesmo diante da depreciação da infraestrutura, a região concentra quase 9% de suas atividades diretamente ligadas aos setores criativo e cultural, um percentual significativo que pode servir de base para um projeto de revitalização urbana e socioeconômica voltado para o fortalecimento do CHB.


A pesquisa, que serve como bússola para tomadores de decisão e agentes da economia criativa, evidencia a diversidade e a coexistência de tipos de ocupação, um comércio significativo, uma presença residencial relevante (26,2% dos imóveis) e um núcleo dinâmico de atividades ligadas à criatividade e à cultura. Esta característica singular posiciona o CHB como um local chave para concretizar as diretrizes do Distrito de Inovação e Bioeconomia de Belém (DIBB), integrando patrimônio, sociobiodiversidade e tecnologia.


O mapeamento detalhado traz informações importantes para os agentes da economia criativa e gestores públicos:

  1. Presença Consolidada: Do total de imóveis analisados, 5,4% são dedicados à Economia Criativa (estúdios, design, moda, audiovisual, coworking) e 3,6% à Economia da Cultura (teatros, museus, galerias, produção cultural). Juntos, eles representam quase 150 estabelecimentos, mostrando que estas iniciativas podem ser fortalecidas e ampliadas.

  2. Epicentro da Criatividade: A Campina surge como o bairro mais dinâmico, concentrando a maior parte das atividades criativas (7% dos seus imóveis) e do comércio diversificado, que inclui varejo (39,4%), bares, restaurantes e hotéis (31,7%) - setores fundamentais para o turismo cultural e gastronômico.

  3. Tecido Socioeconômico Diverso: Predomina uma estrutura de micro e pequenos negócios, com grande potencial de conexão com a bioeconomia. A gastronomia paraense, baseada na biodiversidade amazônica, aparece como um eixo central para atrair visitantes e gerar renda, fortalecendo a vocação de Belém como epicentro de uma economia cultural e criativa enraizada na sociobiodiversidade.


Os Desafios: Oportunidades Disfarçadas


O estudo não ignora os desafios, os enxerga como chamados para a ação:

Imóveis Ociosos e Subutilizados: Cerca de 6% dos imóveis mapeados estão em situação de abandono ou não tiveram seu uso identificado. A maioria está em péssimo estado de conservação. Estes imóveis representam um estoque de oportunidades para projetos de requalificação, podendo abrigar novos negócios criativos, habitação de interesse social ou âncoras culturais.

  • Obsolescência Infraestrutural: O chamado "custo de transação" para reformar, alugar ou comprar imóveis no CHB ainda é alto, desestimulando novas iniciativas ligadas à inovação e a economia da cultura. Isso cria um círculo vicioso de depreciação urbana, social e ambiental. A quebra desse padrão exige reconhecer o potencial para a ampliação, sofistiação e consolidação dessa economia a partir de ações do poder público para revitalização urbana, atração de novos agentes e empresas e arranjos institucionais que promovam sinergias para o desenvolvimento urbano baseado  nas  vocações  históricas  e  culturais  para  a  geração  de  emprego  e  renda. Mecanismos, como incentivos à ocupação de prédios ociosos por startups e empresas da bioeconomia e âncoras culturais são bem-vindos.


O Caminho a seguir: Estratégias para a Revitalização do CHB


O estudo aponta que o potencial do CHB só será realizado com ações coordenadas:

  1. Identificação de Âncoras Culturais: Priorizar a recuperação de imóveis públicos estratégicos para transformá-los em hubs de inovação, incubadoras criativas e centros culturais. Esses equipamentos serviriam como âncoras, atraindo pessoas e revitalizando todo o entorno.

  2. Modelos de Negócio Inovadores: Criar programas que conectem proprietários de imóveis ociosos com empreendedores criativos, facilitando contratos de longo prazo e modelos de negócio que dividam os custos e benefícios da revitalização.

  3. Integração com o DIBB: Alinhar as políticas para o CHB com a missão do Distrito de Inovação e Bioeconomia. Isso significa fomentar negócios que usem tecnologia e inovação para valorizar ativos da floresta (gastronomia, cosméticos, design), tendo o centro histórico como laboratório urbano de experimentação e vitrine.

  4. Infraestrutura para as Pessoas: Investir em melhorias urbanas que tornem o centro mais caminhável, seguro e atraente – iluminação, calçadas, bicicletários, wifi-público e sinalização – para reforçar sua propensão de lugar de experiência e convivência.


O Centro Histórico de Belém oferece o que poucos lugares no mundo têm: autenticidade, história viva e uma cultura profundamente conectada com a maior floresta tropical do planeta.


Fonte: Baseado no Working Paper nº 09: "Economia da cultura e economia criativa no Centro Histórico de Belém", de Harley Silva e Ana Carolina Melo.



 
 
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